Na capa de Meu, vemos a silhueta de Cuca Roseta, desenhada de forma indefinida, envolta numa névoa que tanto revela quanto esconde. Pode parecer um contra-senso, mas nunca estivemos tão perto de Cuca, nunca nos acercámos tanto da sua verdade. Afinal, se sempre tínhamos visto o seu rosto nas capas dos discos, se sempre julgáramos olhá-la nos olhos nesses primeiros contactos com cada um dos seus álbuns, como podemos estar agora mais próximos? Certamente porque a verdade raras vezes se encontra à superfície; certamente porque aquilo que há de mais autêntico nas nossas vidas está guardado no interior de cada um e não estampado na sua face visível.

O palco e o público de Cuca Roseta encarregaram-se de lhe mostrar o quanto estava na altura de gravar um álbum apenas com as suas criações. Este facto, único na História do fado, de uma artista que escreve e compõe todos os temas de um dos seus discos, demonstra também a sua extrema coragem – compensada por este notável conjunto de canções. Daí que Cuca tenha escolhido baptizar este novo álbum com o título Meu. Aqui tudo lhe pertence – cada palavra, cada acorde, cada melodia.

Cuca assume-se a narradora da sua história, adensando também o conhecido de si própria. Meu alimenta-se também da certeza de que, ao chegar aos seus ouvintes, a história de Cuca se encontrá e se misturará com a história de quem a ouve. Fazendo com que este Meu – que espelha o seu percurso – possa ser partilhado por alguém, do outro lado, que acabe por afirmar que este disco também lhe pertence.

Meu é o disco mais verdadeiro e pessoal de Cuca Roseta. Mas o Meu de Cuca Roseta é também de cada um de nós.

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